Tudo o que infelizmente se esperava do défice público português - e mais ainda - acabou por se confirmar. Como habitualmente os portugueses e as portuguesas (esta foi ao melhor estilo do político português moderno) fizeram uma cara de espanto aquando do anúncio do mítico valor
6,83%! Expressão de espanto que só foi vista uma semana após o anúncio do governo, na cara de cerca de 6 milhões de portugueses (aprox. 1,5 milhões na Beira Litoral), coincidindo com o final do estado de euforia dos adeptos de um dos clubes de futebol da 2ª circular, após derrota na final da taça no Estádio de Oeiras (felizmente ainda sobraram uns milhares de litros de vinho e umas toneladas de couratos)!
De imediato (ou após 50.000 apresentações, em power point, de consultoras internacionais pagas a peso de ouro) o governo tomou as seguintes medidas:
IVA a 21% - A Deco (não confundir com a mulher do mágico) diz que o aumento do IVA de 19 para 21 por cento só terá um impacto no preço final dos produtos se houver «uma onda oportunista por parte dos comerciantes». Espero não me afogar nesta onda, ou melhor, neste tsunami fresquinho, que vai ser o aumento de preços!
Tabaco - A partir de 2006, irá subir 15 por cento anualmente. Ou seja, até 2009 o aumento acumulado será de cerca de 75 por cento em relação ao preço actual. Tendo em conta que actualmente um maço de tabaco (Marlboro) custa 2,55€, daqui a quatro anos deverá custar cerca de 5€. Fumadores nem pensem em deixar de fumar, ajudem p.f. a pagar a crise!
Combustíveis – Em 2009 um litro de gasolina vai custar a módica quantia de 1.5€ e o litro de gasóleo 1.1€. Porém, existem duas medidas que o governo não leu num relatório (da autoria da prestigiada Arthur Andersen) para evitar este ligeiro aumento do preços dos combustíveis, a 1ª é fazer prospecções de pertóleo em solo nacional, aproveitando os buracos já abertos pela Gás de Portugal e TVCabo (economia de escala), a 2ª é pedir aos chineses que parem pf de consumir o ouro negro porque estão a incomodar as nossa contas públicas (no fundo estão a ser extremamente incorrectos, ah pois estão!)…
E isto tudo para:
Continuarmos a ter
Scuts, (até 2020, os encargos com as auto-estradas sem portagem vão situar-se entre os 600 e os 700 milhões de euros, melhor que isto só mesmo voltar a demolir os estádios do Euro 2004 e voltar a reconstrui-los), para podermos construir um bonito e arejado
aeroporto na Ota (um enorme elefante branco que depois se descobrirá, mal ele tenha sido acabado de construir, que não há tráfego aéreo que o justifique), para termos o
TGV (quando o Alfa Pendular ainda não tem a linha pronta para atingir a velocidade máxima), para
continuar a sustentar a classe política portuguesa e os administradores das empresas públicas… (é melhor parar para não chorar!)
No próximo dia 10 de Junho, só me apetece gritar, tal como um adepto no jogo particular Portugal-Suécia, no Estádio Municipal de Coimbra, enquanto éramos sovados pelos nórdicos:
“Aí Portugal, Portugal, do que é que estás à espera?
Um pé na galera e outro no fundo do mar…” Alguém explique a estes políticos que a galera já está a meter água e que não é para abanar… mesmo que com este calor até apeteça um mergulho!
Saudações longínquas!